"Despeço-me com amizade" (in TV Rural by Eng. Sousa Veloso)

Em Portugal a grande maioria das pessoas que moram nas cidades são migrantes de 2ª ou 3ª geração, de alguma “terra” do Portugal profundo. Eu provenho de uma longa geração de lisboetas. Nados e criados em Lisboa. A única “terra” que existe é de um trisavô. Ora bem isto é uma chatice. As pessoas migrantes da “terra” em 2ª e 3ª geração ainda podem dizer a mítica frase: “A minha terra.” E nas férias têm sempre sítio para ir. Agora os de quarta... já não entra no protocolo. Mas isto está prestes a mudar visto que a minha família empreendeu a tarefa de recuperar a casa da província. E ESTÁ UM ESPECTÁCULO! Salvaterra do Extremo domina
E é uma boa desculpa para uma pessoa se baldar ao provável pior estágio do ano. Ou melhor. Tudo depende da perspectiva: é mau porque não se faz/aprende “a ponta de um corno”, é bom porque se tem estágio intensivo de praia.
Mas voltando ao ponto em questão: isto da terra é muito fixe. O campo. O ar puro. O céu super-hiper-mega-estrelado. Os animais. O belo do cheiro a estrume para desentupir a canalização da via aérea. Os badalos das vacas. Os borregos fofos (que ao contrário dos da cidade fixes não têm cores malucas do pêlo, tipo ruivo com madeixas). As velhotas sexys com o seu buço, barbela, voz esganiçada e bela da indumentária do luto. As cegonhas na torre sineira da igreja. O pessoal que se conhece todo e mesmo que não conheça cumprimenta e é tudo primo e prima. E na “minha terra” (permitam-me a ousadia) há algo que não existe em todas e qualquer uma: abutres! Mesmo tipo documentário BBC vida selvagem. Gigantes. E que se aglomeram às dezenas e rodopiam com os ventos. Muito à frente...

Ah e com este post começo já a avisar que daqui a uns tempos “O” Belogue que vocês tanto estimam vai entrar em paragem técnica para férias. NÃO É JÁ! Mas assim sempre se vão mentalizando e preparando para viver sem pensamentos diários de toda a relevância para a vossa vida. Podem sempre ir reler algumas pérolas à Torre do Tombo. Entretanto e apesar do calor vamo-nos esforçando para evangelizar o Mundo e quem sabe o Universo.